Por: Newton Carlos MarcellinoBlog: http://umbandatemfundamento.blogspot.com/
Sobre as oferendas há várias dúvidas que precisamos e devemos questionar com os guias espirituais e com outros terreiros para unificar as informações e fazer da Umbanda uma religião de respeito e preservação da natureza. Estudar várias alternativas para evitar sujeiras na natureza e nas praias é um dever de cada umbandista e, repassar essas informações para outros, além de ajudar no desenvolvimento e evolução da Umbanda, ajuda a evidenciar para a sociedade o bem que faz nossa religião, quebrando o preconceito de macumbeiros que emporcalham tudo.
O intuito deste texto é lançar algumas questões e colocar algumas respostas, com base em estudos e fundamentos da Umbanda, sem querer ofender ou quebrar rituais já consagrados em alguns terreiros, mas tentar mudar a linha de pensamento daqueles que acreditam que uma oferenda deve ficar na natureza até apodrecer e que os orixás são comerciantes de benfeitorias divinas.
Sobre as oferendas, vamos começar a discussão.
Ao baixar a oferenda e acender as velas, devemos esperar alguns minutos, horas, dias ou semanas? Há a necessidade de deixar a oferenda na natureza? Há a necessidade de a oferenda possuir itens cortantes como vidros e facas? A oferenda precisa possuir grande quantidade de itens? Velas e charutos precisam ficar acesos o tempo todo? O que influencia o axé se fizer uma oferenda de uma maneira ou outra?
Talvez a pergunta que possa ajudar nas respostas das outras acima é: o Orixá ou a entidade que está recebendo a oferenda vai fazer o quê com o material ofertado?
Precisamos separar as coisas antes de começar a responder.
Se a intenção de fazer a oferenda é a troca de favores como algo do tipo “estou te entregando isso, mas quero que me ajude com aquilo”, temos de ter em mente que o orixá ou a entidade não trabalha como mediador de Deus a ponto de se tornar um mercantilista.
Oferenda não é negociável. Não é pagamento. Não é chantagem. Não é súplica. Não é pedido desesperado. Uma oferenda é sinal de nosso respeito pelas entidades espirituais e orixás. Oferenda é o direcionamento de nosso axé material, juntamente com o axé das frutas, flores, bebidas, fumaça e fogo, aos nossos protetores, e acima de tudo, é nosso fortalecimento de fé, que nos liga com o orixá que estamos ofertando.
A oferenda deve ser entregue em dias específicos, de preferência com outros membros do terreiro, para que todo o material fique concentrado em um determinado ponto da natureza, evitando bagunça e transtornos para os seres e elementos que habitam o local sagrado.
O Orixá ou entidade que está recebendo a oferenda, teoricamente não fará nada com o material que está recebendo, pois ele se vale da intenção e fé daquele que o reverencia.
Ao depositar sua Fé no preparo e manuseio dos elementos da oferenda, o filho de fé se liga mentalmente com o orixá, criando um vinculo de respeito. Ao oferecer frutas, flores, bebida e fumo, o filho de fé emite sua energia corporal para esses materiais, que se fundem com as energias dos mesmos, aumentando o axé da oferenda. Ao oferecer velas, a energia do fogo intensifica a energia da oferenda.
É esse axé contido na oferenda que é recebido e trabalhado pelos orixás e espíritos de luz.
Ora, se a fé daquele que está ofertando for sincera, basta ele entregar a oferenda, fazer uma oração, apagar a vela e recolher tudo, pois o axé da oferenda e da vela já foi utilizado pelo orixá, e o material dessa oferenda pode ser repartido por todos os membros do terreiro para ser consumido normalmente. Não há a necessidade de deixar o material na natureza, pois o orixá ou qualquer entidade de luz não vai utilizar mais nada daquilo, e esse material, se deixado ali, servirá como atrativo para moscas, insetos peçonhentos, etc., além de sujar o nome da Umbanda, afastando-a de sua verdade, que é respeito e preservação da natureza.
Não é necessário utilizar produtos cortantes (e mesmo que queira utilizar facas ou tridentes para Exu, tudo deverá ser retirado posteriormente), a oferenda não precisa ficar horas sujando a natureza (a oferenda pode ficar ali durante um ritual, caso seja realizado, e retirado ao final do mesmo), e velas e fumo não precisam ficar acesos até que terminem.
A Umbanda é feita de simplicidade. São os encarnados que complicam e dificultam tudo.
OFERENDAS PARA YEMANJÁ.
OFERENDAS PARA YEMANJÁ.
Há quem ache que “no dia de Yemanjá, está tudo liberado! O mar é grande e podemos fazer a bagunça que quisermos!”.
Não!
Graças a Oxalá, já há um grande movimento de terreiros que lutam para que acabe com a farra do dia de Iemanjá.
Barcos de isopor, pentes de plástico, espelhos, vidros de perfume, bijuterias e outras tranqueiras não servem para nada, a não ser sujar as praias, sujar o fundo do mar e matar animais marinhos. Isso não é Umbanda.
Acreditar que alguém consiga colocar ou receber algum tipo de axé através desse monte de lixo ofertado é o mesmo que dizer que Exu é o próprio diabo. São informações falsas e errôneas que muitos ainda acreditam.
Oferecer pétalas de rosas já é uma excelente oferenda. Se o terreiro quiser oferecer frutas e outras flores, é permitido fazer a oferenda na areia da praia, para que tudo seja recolhido e dividido entre todos depois. Simples. Sem sujeiras. Como a Umbanda deve ser.
OFERENDA PARA EXU
Um Exu pediu uma oferenda numa encruzilhada, o que fazer?
Analisar se o motivo é mercantilista, do toma lá dá cá. Se for, há algo errado. Se não for, proceda com cuidado e reverência. Concentre sua energia na oferenda, faça a entrega, acenda as velas e o charuto se for necessário, faça sua oração. Apague as velas e o charuto, recolha tudo e leve embora.
Não deixe nada sujando as ruas.
Se o Exu pedir pra deixar a oferenda na encruzilhada e exigir que você saia sem olhar pra trás, questione ele sobre isso. Exija uma explicação convincente e com fundamento. Nenhum orixá pede pra sujar nada. O Exu não deve nem mesmo pedir que seja ofertado partes e restos de animais, pois isso exige o sacrifício de um ser vivo em nome de um suposto axé de um ser que se diz de luz. Se Exu é um orixá de luz, nunca haverá nada relacionado a cadáver de uma criatura de Deus em suas oferendas.
Mudar determinados rituais não significa perder o axé ou quebrar tradições, ao contrário, se as mudanças são devidas aos questionamentos e estudos, há ganho de axé. Há evolução. Há a pratica da verdadeira Umbanda. E os orixás e a natureza agradecem.
Aproveitando o axé de uma oferenda
Você está em um santuário natural com vários objetos de oferenda para o orixá, vai firmar velas e ainda vai orar, emitindo e recebendo axé. Será que é possível aproveitar esse momento para dar firmeza a outros objetos?
Ao nos conectarmos mentalmente com o orixá, estamos nos ligando pela fé e respeito que temos por ele, e ele nos responde enviando seu axé e força, permitindo que essa energia seja estendida aos objetos que estamos consagrando em seu nome para que, posteriormente, possamos continuar usufruindo dessa energia quando necessitarmos, seja colocando as mãos em uma imagem ou colocando uma guia de contas em nosso pescoço.
Então, juntamente com os materiais da oferenda podemos levar imagens, guias de contas e outras ferramentas do orixá ou da entidade que trabalha sob a luz dele. Após a oferenda, as frutas podem ser consumidas pelos membros do terreiro, as flores e outros objetos podem ser levados para casa ou para o terreiro, pois tudo estará suficientemente carregado com a energia do orixá.
Neste tipo de ritual percebemos como é forte a energia de um orixá que nos permite receber e armazenar seu poder em objetos e ferramentas.
Quando nos tornamos transportadores de energia
Outra questão: na natureza podemos absorver plenamente a energia emanada pelo orixá e com isso conseguimos força suficiente para dar continuidade em nossas vidas, recuperar a saúde, estabilizar nossa mente, etc., mas como fazer com aquelas pessoas que estão impossibilitadas de se locomover até o santuário natural?
Com Sua extrema sabedoria, Deus permite que o homem seja capaz de transportar energia através do pensamento e com isso, possibilitando que a caridade seja feita até com aqueles que não podem ir ao Seu santuário natural.
Ao fazer todo o procedimento de uma oferenda, ao sentirmos receber o axé do orixá (o médium sabe e sente quando está recebendo o axé), basta imaginar a pessoa que não pôde comparecer que a imagem da pessoa em nossa mente é suficiente para criar uma “ponte” de energia entre nós e essa pessoa e assim, ela também receberá a carga de axé necessária.
CONCLUSÃO:
Concluímos que uma oferenda não precisa ser exagerada, não precisa conter elementos cortantes, deve ser retirada da natureza, seus elementos podem ser divididos entre os membros do terreiro, pode ajudar a firmar imagens e ferramentas dos orixás e ainda consegue gerar axé suficiente para atender os que não puderam comparecer ao ritual.
Simples, funcional e com fundamento. Isso é Umbanda.
Se todos os umbandistas respeitarem a natureza como ela dever ser respeitada, cidades que possuem santuários naturais como praias, pedreiras, matas, cachoeiras, etc., nunca questionarão o papel da Umbanda na natureza, pois todos os cidadãos saberão que quem ajuda a preservar e manter seu santuário natural limpo e seguro é o umbandista.